Quem me conhece por aqui sabe que partilho essencialmente acerca de marcas de moda portuguesas que internacionalizam e marcas internacionais made in Portugal. Mas, com a aproximação daquela que vai ser a última edição do ano do meu curso acerca dos “Mercados Asiáticos – abordagem para a fileira de moda e lifestyle” importa também refletir acerca dos fenómenos socioeconómicos que nos caracterizam e que estão na moda, principalmente se nesse contexto se destacar um país analisado neste curso. 

Segundo notícia do Fashion Network Portugal “as celebridades asiáticas revolucionam o envolvimento digital no decorrer da mais recente Semana de Moda de Paris. O K-pop é o motor da influência durante as fashion weeks. O recente estudo da Onclusive sobre as Semanas da Moda SS26 revela um domínio sem precedentes de personalidades asiáticas nas redes sociais, redefinindo os mecanismos de influência digital na moda.”

Paralelamente “ao consumo” de bandas de k-pop e séries k-dramas, estamos em Portugal, pelo menos desde o ano passado, a aderir com entusiasmo à indústria k-beauty (korean beauty).

Para enquadrar, segundo dados do Ministério da Segurança Alimentar e Farmacêutica sul-coreano, o país tornou-se em 2024 o terceiro maior exportador mundial de produtos de dermo-cosmética, apenas atrás dos Estados Unidos e da França, tendo o volume de exportação ultrapassado, em 2024, os USD 10 mil milhões.

Esse avanço reforça o crescente interesse internacional pela cultura sul-coreana como um todo. A popularização de elementos culturais do país tem despertado a curiosidade do público global e daí também a pertinência da terceira edição do curso de “Mercados Asiáticos – abordagem para a fileira de moda e lifestyle”, em parceria com o Modatex.

Reforçando esta realidade, a antropóloga Nina Jablonski, pesquisadora da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, destaca que os produtos dermo-cosméticos sul-coreanos são feitos e testados em um dos países menos miscigenados do mundo. Ainda assim, o fenómeno é incontornável sendo disso testemunho a subida das respetivas vendas mesmo nos mercados mais miscigenados do mundo, como, por exemplo, no mercado brasileiro.

Acresce que alguns dos ingredientes utilizados nos produtos de variadas marcas – feijão-vermelho, farelo de arroz, mel, chá-verde e ginseng também não são os mais comuns às consumidoras europeias (exceto aquelas de entre nós clientes da Kenzo ki), o que não impede o aumento da procura e das vendas. 

Na tendência de consumo da k-beauty, os números ($) falam por si, e assegura-nos a Forbes: “Recentemente, o interesse em tratamentos para cuidados com a pele tem aumentado rapidamente entre turistas médicos estrangeiros que visitam a Coreia, e, entre eles, os tratamentos dermatológicos representam a maior parcela na atração de pacientes estrangeiros. As exportações de cosméticos da Coreia do Sul cresceram 21% em 2024, atingindo um recorde de USD 10,2 mil milhões, segundo o Ministério de Segurança Alimentar e Farmacêutica da Coreia do Sul”.

A título de exemplo, e ainda segundo a mesma fonte, olhemos para farmacêutica sul-coreana PharmaResearch, fundada em 2001, por Jung Sang-soo e listada Kosdaq desde 2015. O seu principal produto é o Rejuran, lançado em 2014 e vendido em toda a Ásia. A PharmaResearch informou que sua receita cresceu 56% em relação ao ano anterior, alcançando 117 mil milhões de won (USD 85 milhões) no primeiro trimestre de 2025, enquanto o lucro líquido quase dobrou em comparação ao ano anterior, atingindo 36 mil milhões de won (USD 26,15 milhões). 

E como estamos ao nível do consumo de marcas de k-beauty em Portugal?

Como percursoras podemos apontar a Sephora e a Douglas. Segundo anunciava a Magg em Abril de 2018 “Já existe nas lojas Sephora, desde janeiro do ano passado (2017), produtos de cuidados coreanos para a pele. Temos vindo a investir, cada vez mais, nestes produtos, porque eles são uma tendência inovadora muito procurada (…). 

Tanto na Douglas como em algumas farmácias e perfumarias podem encontrar-se produtos de beleza coreanos da marca franco-coreana Erborian.

O primeiro espaço físico dedicado aos cuidados de pele coreano em Portugal, abriu no início de setembro de 2024 (no Centro de Terapias Chinesas, em Lisboa). 

No final do ano o conceito democratizou-se com a introdução, em Dezembro, de marcas como a Tocobo, Stay Well, Missha, Beauty of Joseon, Frudia, SNP, The Saem e It’s Skin na loja online do Continente.

Em junho deste ano abriu a loja Occasion2Smile, firmando-se como a primeira loja em Lisboa exclusivamente dedicada à k-beauty. De entre as marcas comercializadas, destaque para ANUA, SKIN1004 e Haruharu Wonder, Round Lab, VT Cosmetics, Beauty of Joseion, Medicube, COSRX, entre outras.

Depois de em agosto abrir a loja online em Portugal, a MiiN Korean Cosmetics, especialista em cosmética coreana presente em Espanha, Alemanha, França e Itália, inaugurou recentemente o seu primeiro espaço físico em Lisboa (Rua Áurea, 174).

São mais de 80 marcas de produtos, incluindo duas marcas próprias, que vão desde cuidados de pele, maquilhagem, cuidados capilares e corporais. A nova loja conta também com aconselhamento individual pensado para quem quer experimentar a febre do TikTok ou ainda ajudar aqueles que já são especialistas na tendência da cosmética coreana.

Em meados de Setembro, segundo o Observador, a Occasion2Smile abriu a sua segunda loja, desta vez no Porto (Rua da Constituição), mantendo marcas como Skin1004, Anua, Haruharu Wonder e Beauty of Joseon.

No dia 16 deste mês, foi a vez da Perfumes&Companhia abraçar esta categoria, introduzindo as marcas Biodance, Anua, Beauty of Joseon, COSRX, Erborian, Hidehere, Medicube, SKIN1004 e Torriden.

Alavancado sobretudo através do Tik Tok e do Instagram, o fenómeno em torno de marcas sul-coreanas de cuidados de pele está a tornar-se uma tendência, em Portugal, pelo menos desde o ano passado. 

Como referido, os volumes de negócios gerados por esta indústria são de uma magnitude que corresponde ao poder económico dos mercados asiáticos, dos quais se destacam Singapura, Hong Kong, Taiwan, Japão e, claro, a Coreia do Sul.

Sendo Portugal um país de elevada tradição na produção de moda e consumo de lifestyle têm sido várias as marcas e empreendedores a trilharem o caminho da distribuição a Oriente – com países a liderarem o ranking dos PIB per capita mais elevados do mundo. Assim, e em parceria com o Modatex, realizamos a última edição do ano dedicada aos “Mercados Asiáticos – abordagem para a fileira de moda e lifestyle”.

Se és uma apaixonada por marcas de beleza, moda e lifestyle, se tens marca e queres dominar o tema, podes ainda inscrever-te aqui no curso gratuito, que vai decorrer online a partir do início de novembro, em horário pós-laboral. 

Este artigo foi também publicado como artigo de opinião na revista LuxWoman podendo consultá-lo aqui.