O que fazemos importa

As lojas multimarca das marcas de moda portuguesas (@LuxWoman)

Este é o lema que inspira a marca de moda Benedita Formosinho

Desde o início a marca, pautada por preocupações éticas para com as pessoas e o planeta, esta rege-se pelo lema da proximidade ao local, interesse e valorização das práticas autóctones, utilização de matérias naturais, confeção nacional, controlo rigoroso da qualidade, stocks à medida, preocupação com os desperdícios de produção, entre outros.

O caminho que tem caracterizado o crescimento da marca é um sinónimo dos valores que a equipa defende: “a contribuição enquanto designer, enquanto negócio deve ser desenvolvida com base na ética e na responsabilidade. Não só para com os clientes, mas também para com todos os parceiros e processos envolvidos” adianta Benedita.  

As matérias-primas foram e são sempre tecidos nobres, certificados, dos quais se destacam o burel e a manta alentejana. 

A produção sempre foi feita numa escala pequena e mensurável pois, já diz o ditado “o que não se pode medir não se pode avaliar”.

As primeiras peças da Benedita Formosinho foram produzidas no atelier de Setúbal, onde toda a coleção continua a ser desenhada e ainda continuam a ser cortadas algumas peças. 

Dos desperdícios desta confeção in-house, a Benedita aproveitava sempre os desperdícios e com eles elaborava (sempre que a metragem o permitia), peças únicas. 

feedback das clientes a par e passo com a então expansão da confeção a parceiros especializados (localizados principalmente a norte de Portugal) tornaram imperioso continuar a reaproveitar todos os desperdícios têxteis. 

Mas, neste contexto (externalização da confeção) tornou-se pouco viável reaproveitar os desperdícios segundo a mesma forma artesanal. Abriu-se então caminho para uma pesquisa detalhada, mais uma vez sempre a nível nacional, por forma a encontrar um parceiro que reciclasse os desperdícios têxteis provenientes das confeções das peças da marca. Esta foi uma fase exploratória e de contactos muito interessante. Mas foi, ao mesmo tempo, uma fase desafiante pejada de resiliência pois a maioria das empresas envolvidas em processos de reciclagem têxtil apenas o faz de forma industrial, ou seja, considerando grandes quantidades. Para a equipa Benedita Formosinho, tornou-se uma missão encontrar um parceiro nacional que desse nova vida aos desperdícios da marca. 

Encontrado o parceiro, a empresa J Gomes, cujo mote “fio reciclado ecológico” acompanha a sua designação, os resíduos da produção da marca de moda entram no circuito da reciclagem e os resultados superam as expectativas da equipa. 

Processo de reciclagem dos desperdícios têxteis da marca Benedita Formosinho, na fábrica J Gomes.
 

Quando falamos do valor acrescentado no processo de existência desta marca de moda sustentável eis o caminho: “o nosso “lixo” é transformado numa mecha à qual posteriormente é misturada uma fibra para lhe dar resistência. No nosso caso selecionamos o liocel. Na fase seguinte é obtido um novo fio, com a cor natural da mistura dos nossos tecidos, sem tingimento. Ainda não definimos o destino destes novelos preciosos, depende da quantidade obtida. Este é o futuro, “o lixo não é lixo”, temos de aprender a viver sem lixo, dar-lhe uma nova oportunidade para entrar novamente nas nossas escolhas”, adianta a marca em comunicado de imprensa. 


Mechas resultantes dos desperdícios têxteis. Processo de reciclagem antes da fiação final. 

A marca portuguesa Benedita Formosinho, enquanto marca de moda independente, torna-se assim uma das pioneiras a contemplar desde o seu inicio em 2018 o processo da reciclagem dos seus desperdícios têxteis, convertendo-os agora, em 2023, em fio a partir do qual a matéria-prima não se perde, voltando a entrar no circuito e abrindo portas a outros criativos e artesãos para dele fazerem nascer novos projetos, novas peças. 

Esta iniciativa tem sido divulgada junto da imprensa nacional, nomeadamente no Jornal T e na revista LuxWoman.

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