A época das festividades do final de 2021 ficou na memória dos consumidores pela rutura de stocks e aumento abrupto de preços provocados pela falta de matérias-primas, crise energética e aumento dos preços dos transportes (e consequentemente das importações).
Segundo o relatório da WGSN, 2024 será um ano de transição na indústria da moda.
Desde roupas adaptadas ao clima, refinamento de projetos para o metaverso à construção de ecossistemas de tratamento e reparação de produtos, o setor será impactado por três grandes temas e seis princípios-chave.
Assim, os três grandes temas dominantes são:
– a consciência da nossa interdependência;
– o profundo vínculo relacional (a tocar a saudade) e de pertença comunitária;
– a rejeição do “normal”;
Partindo destes grandes temas, o relatório estabelece as seis tendências sociais que formatarão os padrões de comportamento e consumo dentro de dois anos.
– autocuidado – criação de produtos que promovam e facilitem o equilíbrio saudável entre a vida pessoal e laboral;
– fluidez da realidade – os ativos digitais, como sejam o bem-estar e a segurança online, serão tão importantes quanto os físicos:
O aumento da utilização de avatares levará a um aumento das soluções de fitting baseadas em digitalizações 3-D. A compra da Drapr pela Gap é, ao mesmo tempo, um claro reconhecimento tanto do potencial lucro como da redução do número de devoluções.
– “protopias” provocatórias – o ónus da consciência ambiental continuará a recair nos negócios de moda e a atuação de todos os envolvidos na cadeia de valor será esperada perante urgências climáticas;
– oscilações nos centros de poder – alteração de hábitos de consumo provocada pela abundância de novas vozes num sistema de “unidade na diversidade”. Marketplaces value-driven passarão a estar no centro das atenções adquirindo importantes quotas no consumo global;
– democratização na moda para todos – ao contrario da máxima do “one size fits all“, as marcas e consumidores dirão não ao “normal”, preferindo designs personalizáveis e mais inclusivos:
O boom dos ativos digitais traz consigo novos e influentes formadores de opinião estética cujo trabalho terá impacto e será referenciado no mundo da IRL e seu vestuário, criando uma nova era de colaborações e oportunidades de licenciamento.
– quebrar os códigos estabelecidos – sedimentação das narrativas de cocriação: os designers terão de abraçar novas colaborações e os consumidores quererão participar nesse processo ativamente
Sendo o novo normal “comprar em todo o lado, a partir de todo o lado” e perante consumidores saturados de mensagens de “out of stock“, é imperativo aos retalhistas acelerarem a disponibilidade de stocks (produtos e serviços) nos circuitos multicanal.
No final de 2021, a Nike adquiriu a RTFKT Studios, uma casa de moda líder no metaverso, conhecida pela sua linha de roupas digitais de alta qualidade.
Globalmente, os consumidores admitem passar a focar-se nas marcas e produtos mais em conta, recorrendo aos diferentes pontos de contacto – apps, marketplaces, lojas físicas, social media, sites de revenda, que lhes permitam encontrar o produto desejado, de forma simples e rápida.
O crescimento da economia continua a ser potenciado pela geração Z (ávidos consumidores digitais, ex. no Tiktok). Os drivers que fomentam a procura e compra de produtos por parte dos nativos digitais assumem novos rumos projetando-se que o “social commerce” cresça três vezes mais do que o e-comm, nos próximos quatro anos. Exemplo disso é já o fenómeno #tiktokmademebuyit – com o Tiktok shopping, lançado no final de 2021.
A enfase nas comunidades de nicho será efetivada com o Discord, Web3, o Everything.Net.
Assim, exemplos como os NFTs e blockchains continuarão a representar mais uma parcela considerável de serviços personalizados que as marcas poderão oferecer, gerando mais pontos de interação com os clientes:
A recente collab da Balmain com o ginásio Dogpound vai muito além de vender ativos digitais e uma drop física. Constituiu em si uma experiência com NFTs que trouxe novos serviços VIP encorajando a retenção de clientes.
Perante um mundo cada vez mais híbrido e fluido, ficam duas certezas para a indústria de moda: