As marcas de moda nacionais – de onde vêm e para onde vão no caminho da promoção, do financiamento e da internacionalização (@LuxWoman)
Quando foi a última vez que as tuas peças de roupa te contaram uma história? (@LuxWoman)
As marcas de moda nacionais – de onde vêm e para onde vão no caminho da promoção, do financiamento e da internacionalização (@LuxWoman)
Quando foi a última vez que as tuas peças de roupa te contaram uma história? (@LuxWoman)
O panorama da indústria de moda, no #Qatar2022
Todas as atenções futebolísticas apontam na direção do Qatar, país do golfo pérsico onde dentro de uma semana começa o campeonato mundial de futebol.
Vivi no Qatar 13 anos. Estava lá quando o país se qualificou e venceu a organização do “evento-rei”. O quotidiano mudou a partir daquela noite. A partir daquela data, #Qatar2022 passou a ser o mote dos trabalhos, passou a ser driver de qualquer plano estratégico ou plano de negócios que se prezasse. Doha passou a ser palco de inúmeras competições desportivas. A organização do campeonato mundial de futebol “colocou o país no mapa” e isso foi épico para um país árabe, muçulmano, do Médio Oriente.
Não obstante os contratempos do dia-a-dia (e não foi só a pandemia, lembremos o bloquei político-económico a que o país esteve sujeito entre 2017 e 2021), o Qatar foi e é uma realidade vivida a “alta-velocidade”. Prova viva de que “tudo se faz quando há vontade”. E claro, porque a economia local também tem capacidade de expansão e absorção.
Para nós em retalho de moda, era urgente assegurar mais marcas, idealmente de desporto, assegurar contratos, planear expansões e compras para que em Novembro de 2022 tudo estivesse pronto.
Hoje, à distância (geográfica) Portugal-Qatar, é com agrado que retrospetivamente analisamos e realizamos o envolvimento que inúmeras instituições públicas passaram a chamar a si nesta senda da promoção também das artes, do design e da moda, introdução e acolhimento do exterior dentro de portas e promoção e abertura dos talentos locais ao mundo.
Este hoje é o culminar de um trabalho de bastidores iniciado há mais de uma década, quando a partir de Doha se compravam grifes em Beirute, no Dubai, em Paris…
Em 2007, timidamente se falava em moda de autor no Qatar. A partir do ano seguinte a cidade foi “invadida” por alguns dos nomes mais sonantes da indústria. Abrimos, em franchising, no The Pearl-Qatar, a Hermès, Giorgio Armani, Alexander McQueen, Balenciaga, Stella MacCrtney, Chloe, Zanotti, Blumarine, Roberto Cavalli, Sonia Rykiel, John Richmond, Dyptique, Agent Provocateur… trouxemos mais de uma centena de marcas para aquela que foi a primeira concept store do Qatar, a Aida, localizada em West Bay.
14 anos depois (a uma semana do arranque do campeonato de futebol do mundo, no Qatar) as iniciativas que visam a expansão da consciência estética e analítica de moda no Qatar continuam a ser incontornáveis. Desde incubadoras, jovens designers residentes com projetos convertidos em marcas de renome, empreendedores locais que diversificam o ecossistema e eventos internacionais, o Qatar avança na moda, mais uma vez, de forma incontornável.
Quando falamos em incubadoras, pensemos nos mais recentes projetos como o M7 e a hub Liwan.
A incubadora M7 comtempla uma serie de estúdios, espaços de co-working e programas pensados para apoiar novos designers. Um dos primeiros eventos que organizou e hospedou foi a exibição retrospectiva da Dior “Christian Dior Designer of Dreams“.
A hub criativa Liwan, parte da iniciativa Museus do Qatar, contempla os estúdios de design Liwan e laboratórios de estágio, nos quais empreendedores das áreas criativas podem reunir e trabalhar.
Designers como Layla Al Ansari, Hissa Haddad, Roni Hellou e a designer gráfica Shima Aeinehdar são agora referências locais.
No que toca a novos nichos de negócio, referência a Amal Ameen e a sua concept store dedicada ao mercado nupcial, inaugurada recentemente no novo Place Vendôme e, claro, referência mais alargada à proliferação do conceito de streetwear, com a abertura de concept stores dedicadas ao “negócio maravilha” que constitui a revenda de ténis cifrados acima dos 4 $ dígitos.
Apesar de ser um nicho de negócio com alguns anos na cena internacional, esta realidade ao jeito dos Hypebeast, chegou ao Qatar a partir de finais de 2020.
Em Novembro do ano passado o designer Virgil Abloh esteve em Doha para a inauguração da exibição “Figures of Speech” (duas semanas antes da sua morte), tendo oportunamente com essa aparição na cidade alavancado o negócio de ténis exclusivos do influencer local @itsjbr.
O qatari Abdulla Al Kaabi, fundador da loja multi-marca Loft, tem igualmente contribuído para a diversificação no país do negócio de artigos de coleção, exclusivos e de luxo.
Também a londrina Presentedby abriu este verão uma loja dedicada a modelos exclusivos de ténis, no Doha’s Design District. O design da loja conta por si enquanto experiência única.
No que toca a aberturas e eventos internacionais, para além das já mencionadas retrospectivas “Christian Dior Designer of Dreams” e a exibição “Figures of Speech” (ambas Novembro 2021 – Abril 2022), nota para outros momentos que também têm merecido recentemente destaque:
– abertura da loja Louis Vuitton, no aeroporto internacional Hamad
– a casa Valentino (adquirida por uma holding do Qatar) inaugurou este mês, no centro de design e inovação M7, a retrospetiva “Forever Valentino”. Em jeito de experiência teatral, esta é a primeira e a maior, mostra da marca italiana realizada no Médio Oriente
– e porque estamos em mês de inaugurações e eventos mundiais, também a Maison Baumer vai abrir portas em Doha. Para o seu début na capital, a marca de joalharia contará com peças desenvolvidas em parceria com a marca Baccarat
E assim, de um tímido despertar há 15 anos atrás, a moda no Qatar mostra-se ao mundo de forma apoteótica. Ao jeito árabe e a “alta-velocidade”, golo!